por Clarissa Mattos
O Instituto Inhotim estava no topo da minha lista de lugares para conhecer no Brasil. E quer saber? Continua. O lugar promove um grandioso encontro entre a natureza e a arte contemporânea e saí de lá já pensando em voltar.
Localizado em Brumadinho, a 60 km de Belo Horizonte, o Inhotim põe o Brasil e Minas Gerais do mapa cultural do mundo. Com os seus 17 pavilhões, é o maior centro de arte contemporânea a céu aberto do mundo e seu jardim botânico foi projetado por ninguém menos que Burle Marx.
Os números são exuberantes e certamente você vai precisar de mais de um dia para explorar os 100 hectares visitáveis do instituto. São mais de 334 espécies de orquídeas e 1500 de palmeiras. É simplesmente a maior reunião de espécies de plantas vivas dos jardins botânicos brasileiros. No entanto, apesar de superlativos, os números não conseguem traduzir o que senti quando estava lá.
Antes de conhecer, pensava em Inhotim como um imenso jardim botânico, salpicado de esculturas. Não tinha a menor ideia da sua dimensão. Sim, você anda por maravilhosos jardins e lagos, na companhia de pássaros, borboletas, capivaras. Também existem algumas esculturas espalhadas pelo parque. À medida em que você se perde pelas lindas rotas verdes, de repente você se depara com enormes pavilhões de arte, que abrigam o acervo principal.
Em cada um deles há monitores, que estão aptos dar informações sobre as obras. Use e abuse do serviço deles. Esses meninos e meninas são quase todos moradores de Brumadinho e redondezas. Quem me contou foi uma das monitoras. Enquanto me contava sobre a obra Continente/Nuvem, de Rivane Neuenschwander, eu viajava nas nuvens de bolinhas de isopor, que aleatoriamente se formavam num céu de forro transparente. A instalação foi criada na casa mais antiga da fazenda que antecedeu o parque de Inhotim.
Tenha certeza de uma coisa: você nunca sairá de um pavilhão da mesma forma que entrou. Nada está lá por acaso e a convivência entre a arte a natureza só potencializa o impacto. O sossego do verde contrasta com o incômodo ou curiosidade despertados pela arte. É um caleidoscópio de sentidos. Prepare-se para usar todos os seus.
Quase senti o cheiro das entranhas tão realistas que esvaíam das lindas paredes de azulejos do Pavilhão de Adriana Varejão. Como não querer tocar todos os objetos vermelhos da incrível casa encarnada da instalação Desvio para o Vermelho de Cildo Meireles? Fiquei literalmente tonta, ao sair do estromboscópico iglu do dinamarquês Oliafur Elisson. E não resisti ao Jardim do Narciso de Yayoi Kusama. Mas ainda havia tanto para ver e sentir e as horas escorregavam pelas minhas mãos.
Fiquei no Inhotim até os últimos minutos possíveis e na saída vi pelo menos sete ônibus lotados de funcionários. O nosso carro alugado era um dos últimos no estacionamento. No caminho de volta vi placas de pousadas e hotéis em construção por toda a parte. Brumadinho tem cerca de 34.000 habitantes e os sinais de mudanças são visíveis. Mas acho que quem sofre o maior impacto são os vistantes. As impressões me seguiram até BH e permanecem até hoje.
Clarissa Mattos é uma baiana que atravessou o Oceano Atlântico não a nado, mas por amor.
Fonte: http://roteirosincriveis.uol.com.br/
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