Voo de balão na Amazônia acriana

Uma densa névoa ainda cerca a floresta quando começamos a nos preparar para o sobrevoo de balão. Nessa parte da Amazônia, onde a selva divide espaço com imensas fazendas de gado, o sol desponta timidamente e traz consigo as cores e o canto dos pássaros.

Estamos no Sítio Arqueológico Jacó Sá, a pouco mais de meia hora de viagem do Centro de Rio Branco, a capital do Acre. É daqui, que começamos a executar o nosso plano de voo e a primeira tarefa é colocar o imenso e sedutor balão em ponto de bala.

O dia já está claro quando subimos a bordo da aeronave que vai nos levar aos céus da floresta amazônica. Com as cores brasileiras e marcado com traços que imitam o kene – a pintura característica da etnia Kaxinawá –, o nosso balão é o único a levantar voo em toda a Amazônia. 

A primeira tarefa: erguer o gigantesco balão. 

A névoa que cobre a floresta até o raiar do sol.

Geoglifos: mistérios da floresta

Subimos e, a poucos metros do chão, conseguimos avistar os geoglifos, imensas estruturas geométricas escavadas no solo e que ainda são um grande mistério e alvo de pesquisas que começaram ainda na década de 1970, quando foi feito o primeiro sobrevoo na região.

Nesse mundo de incertezas, a única segurança revelada pelos primeiros estudos é que eles foram construídos por civilizações que habitavam a região, muito provavelmente antes da formação de toda a densa selva que cobria cada canto dessas terras.

Em todo o Estado, somam-se mais de 180 sítios arqueológicos onde já foram identificados esses tipos de desenhos. Espalhados de norte a sul pelo território acriano, porém concentrados em sua porção oriental, eles são mais bem contemplados do alto, assim como os desenhos de Nazca, no Peru.  Em virtude disso, uma torre de observação vai ser construída no local. Mas, antes, um estudo minucioso varre toda a região em busca de novos vestígios dessa civilização desconhecida. 

Os misteriosos geoglifos. 

Macacos passeiam nas copas das árvores. 

Passamos perto da copa das árvores voando a uma altura média de 100 metros . Soprados pelo vento, seguimos um caminho cheio de vida. Em alguns momentos parece que vamos tocar novamente o solo; em outros, nos esbarramos nas castanheiras que se sobressaem na floresta.

No horizonte, a névoa se movimenta em um balé tingido de amarelo. Nas primeiras horas do dia, voamos sobre uma das mais ricas e belas paisagens do planeta e, quase uma hora depois de nos desprendermos do chão, a ele retornamos. Sem fortes impactos, nosso balão se deita sobre a grama ainda fria da noite que passou.

Como fazer o voo de balão na Amazônia

A EME Amazônia é a única empresa que faz voos de balão em toda a floresta amazônica. Operando desde julho do ano passado, atualmente, oferece voos para até duas pessoas. Nos próximos meses, um novo balão com capacidade para até oito pessoas entrará em operação.

Depois do sobrevoo, é servido um delicioso café da manhã com direito a estouro de espumante para comemorar o feito. O pacote inclui ainda o transfer a partir do hotel; e um DVD com vídeos e fotos feitas a bordo do balão. 

O despertar do dia. 

Um show de cores no horizonte.